Cidades

CPI do Feminicídio é tema de audiência pública em Maricá

Deputadas Estaduais e primeira dama de Maricá falaram sobre feminicídio Foto: Alex Oliveira

Foi realizada na manhã desta quarta-feira (20), em Maricá, uma Audiência Pública para tratar do tema feminicídio. A ação foi organizada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), que investiga os casos desta natureza em todo o Estado.

O evento aconteceu na Lona Cultural Marielle Franco e contou com a presença das deputadas Zeidan e Martha Rocha, da primeira-dama de Maricá, Rosana Horta, entre outros.

A presidente da CPI, Martha Rocha, destacou a importância de se discutir a morte de mulheres.

“Quando pensarmos em feminicídio, temos que pensar em uma violência de gênero. A morte é o ponto final de uma cadeia causal, que começa com um empurrão e se não tivermos uma rede de proteção a essa mulher, aquilo que era uma ameaça, pode apresentar um resultado criminal. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública, a cada cinco dias, uma mulher morre vítima de feminicídio no Rio de Janeiro. Esses dados mostram o quanto é importante debater esse tema em qualquer canto do nosso Estado”, completou.

Dançarinos encenaram a violência contra mulher Foto: Alex Oliveira

Bailarinos da Companhia Attitude Contemporânea realizaram apresentação de ballet sobre a violência e o assédio contra a mulher, que emocionou os participantes. A coreógrafa do espetáculo, Karen Ramos, acredita que é necessário mostrar a realidade de milhares de mulheres.

“Nosso objetivo era enaltecer a mulher, mas fomos pensando em algo real e que tocasse as pessoas. A arte tem o papel de dizer o que as pessoas não querem ouvir e fazer com que elas possam refletir, por isso abordamos a violência contra mulher”, contou.

A primeira dama da cidade, Rosana Horta, falou sobre a luta de milhares de mulheres que sofrem violência. Em seguida, a deputada Martha Rocha relembrou o caso da dançarina Amanda Bueno, que foi agredida e baleada antes de morrer.

“Amanda Bueno, ex-dançarina, foi morta pelo seu companheiro. Toda a ação foi filmada por câmeras de segurança e, mesmo diante dos fatos, ainda foi utilizado como instrumento de defesa que aquela mulher fez de tudo para atingir seu autor e, por isso, fez com que ele praticasse o delito. Precisamos vencer a barreira da sociedade e preconceito, que ainda existe. E nós, mulheres, reproduzimos ainda estereótipos de preconceito. Nosso objetivo é criar uma sociedade justa e sem preconceitos”, afirmou.

A deputada Zeidan reiterou sobre a necessidade de identificar a violência contra a mulher.

“Temos que entender que um empurrão é violência. Os homens precisam entender que as mulheres não são posses deles, que o corpo é nosso. Precisamos mudar essa realidade de violência contra mulher”, completou.

A coordenadora das políticas para as mulheres, Luciana Piredda, falou sobre a incidência de casos em Maricá. E alertou que o enfrentamento à violência contra mulher pode ser evitado, quando a vítima em potencial é orientada.

“Temos um caso emblemático em Maricá, em 2008, quando uma mulher de 19 anos, foi assassinada. Ela estava grávida de três meses e foi incendiada pelo companheiro que não aceitava a separação. O homem permanece preso. Temos que lembrar que na cidade os casos são poucos. Com base no Dossiê Mulher, não tivemos casos em 2018, mas já em 2019 nós tivemos dois feminicídios. Uma mulher, de 41 anos, foi assassinada com um tiro na cabeça em março e o outro caso foi de uma mulher que durante o carnaval foi atropelada pelo próprio marido. Nenhuma dessas mulheres assassinadas em Maricá passaram pelo Centro de Atendimento Especializado a Mulher", disse.

A última audiência pública realizada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Feminicídio será realizada na cidade de Campos.

< Evento encerra Semana Nacional do Trânsito em SG Niterói tem programação intensa no final de semana <